quarta-feira, dezembro 09, 2009

Carrapeta

Carrapeta era um menino triste, pobre, franzino, de cabeça grande e desproporcional ao corpo comprido e raquítico.
Servia de saco de pancadas para os demais colegas de classe e para os membros de sua família.
Carrapeta morava em Farol na cidade de Olinda.
Um dia, sua mãe lhe pediu que comprasse carne seca e farinha no mercado.
Carrapeta, como filho mais velho da família Soares, foi andando obedientemente em direção a venda mais próxima de sua casa.
Ele andava chutando pedras e observando o canto celeste dos passarinhos.
Parou e observou alguns homens jogando Bicho.
- Tá olhando o que, moleque?
- nada.
- É bom mesmo, vai se andando, faz favor.
- E se eu não quiser?
- O que você perdeu aqui?
- Só estou olhando!
- Sabe jogar?
- Sei, sim senhor.
- Essa eu quero ver, ouviu essa, Severino? Se não pagar não joga, hein Moleque!
- Eu tenho muito dinheiro, ó!
- Pois bem.
Carrapeta gastou no jogo do Bicho os cascalhos que sua mãe havia lhe dado para comprar a carne seca e a farinha.
Chegando em casa, ao dizer o que havia feito com o dinheiro, sua mãe o bateu com muita vontade, Carrapeta nunca havia recebido uma surra pior do que aquela...
Depois de tanto apanhar, Carrapeta saiu cambaleando pelas ruas do Farol...
Andou... andou... e caiu batendo com a cabeça numa pedra.
Ali morrera Carrapeta, que na verdade se chamava Luiz Antônio.
No dia seguinte, o dono do Jogo do Bicho saiu gritando pela cidade:
- Carrapeta!!! Carrapeta ganhou!!! Ganhou o jogo, é Carrapeta!!!

Carrapeta é uma daquelas pessoas para quem a sorte chega tarde demais...

Histórias de Tião - parte 2

Tião era ainda pequeno quando se deu o fim da Segunda Guerra Mundial, tinha apenas cinco anos e um mundo inteiro a descobrir.
Estava agarrado nos ombros de seu pai enquanto via bandeirinhas coloridas, pessoas felizes e sorridentes gritando pelas ruas, pouco entendia sobre o que estava acontecendo mas sabia que devia ser coisa boa.
retorno pracinha15 FEB   Vitórias e Derrotas
- Pai, o Vasco ganhou?
O pai só fazia rir, Seu Mário sabia da mente inocente da criança, dificilmente entenderia o que aquilo iria significar.
- 2x0 Vascão, Filhão!
- uhul! Vascooooooooo! Vascoooooooo! - Gritava com uma voz doce, rouca e anasalada de uma gripe que havia pegado fazia uma semana.
Todos o olhavam e riam da sua comemoração inusitada.

sexta-feira, novembro 27, 2009

- Mamãe sou gay

- hahahaha. Muito Engraçado, Pedro, deixa eu terminar o almoço.
- Mas mamãe, sou gay mesmo.
- Gay?
- É.
- Gaay??
- Gay, mãe.
- Como assim?
- Ah mãe, eu não gosto de meninas oras.
- E por que não?
- Não sei, vai ver Deus quis assim.
- Sei.
- E então?
- Então o que?
- Não vai me botar pra fora de casa???
- Não!
- Droga... achei que fosse dar certo.

domingo, novembro 22, 2009

16:00

O ruivo comprido açoitando meu rosto, sambando até cansar.
O riso amarelo cheio de dentes.
Nós temos a chave da felicidade
Dorme a noite sabatina
De que não sabe a verdade

quinta-feira, novembro 19, 2009

Cinco para uma

Esse tal relógio tem o poder de confundir.
Números nunca foram o meu forte.
Sempre gostei mais das palavras.
Me acordem se eu dormir,
quero estar acordada quando for cinco para uma.

segunda-feira, novembro 16, 2009

Je vous salue, Marie

Sentada no meu bar preferido, senti uma enorme nostalgia.
Foi numa noite de Terça-feira, o vi,
carismático como há dois anos atrás.
Exterioriza sentimentos falsos exatamente da mesma maneira que o vi da última vez, no mesmo bar.
Lembrei de meus bons tempos e de como tudo está diferente do que era.
Naquela época eu costuma me divertir com meus apenas 600 ml de itaipava estupidamente gelada.
Não vou mais correr para anotar no meu diário, mas sinto que ainda há em mim uma Marina platonicamente apaixonada, e que só faz pensar em como a vida poderia ter sido muito diferente.

terça-feira, outubro 13, 2009

Monólogo do meu bebê I

Esta banana está uma merda.
Eles compram quilos de biscoitos, balas, doces, guloseimas e me dão essa porra dessa banana.
Eu tô cansado disso, qualquer dia eu fujo de casa!
Vou te contar hein, ontem mesmo minha vó tava me chacoalhado e cantando algo como "dorme neném.." fala sério! com ela me chacoalhando daquela maneira eu quase gofei 3 litros!
Eles têm mania de achar que aquela merda que eles chamam de papinha é o manjá dos deuses! Queria ver se eles comeriam, por isso eu sempre deixo metade, e eles fazem questão de me enfiar aquilo guela a dentro e gritar com a voz mais irônica "come tudinho! É gostooooso"..
Meu pai é um cara com voz meio fina que vem me visitar de vez em quando, ele sempre traz uma merdinha qualquer e fica brigando com a minha mãe por causa de um negócio chamado pensão, quando eu for grande vou fazer questão de descobrir o que é, deve ser um troço muito chato, eles só sabem falar daquilo!
Minha mãe tem uma voz muito simpática e um cheiro gostoso de comida que presta, diferente daquilo que me dão pra comer. Eu odeio quando ela joga água em mim, é a coisa mais insuportável do mundo. Isso quando ela não resolve trocar minha fralda.. putz..
Esses dias mesmo ela tava trocando a minha fralda e eu já tava a ponto de bala, assim que ela abriu minha fralda eu mandei com toda a força aquele jato marrom poderoso!! ela ficou puta! Gritava muito.. Foi muito engraçado.
A minha vó tem cheiro de várias coisas e uma voz trêmula. Ela sempre quer amarrar o meu único fio de cabelo, ela puxa de um lado e puxa do outro, tem horas que vc pensa ''Já tá bom né?" mas ela continua..
Meu avô quase não me pega no colo, acho que é porque ele não tem muito jeito com isso, ele sempre me puxa pelo braço, parece até que quer arrancá-lo de uma vez só! Ele tem cheiro de Vick Vaporub! Ele até parece ser gente boa e tal mas tem uma carona feia que dá medo!
Sem perder o foco, qualquer dia desses eu fujo de casa, de verdade mesmo!

sexta-feira, outubro 09, 2009

Óculos da vovó

Naquele dia mamãe disse que eu estava enfezado, embora eu não soubesse direito o que é enfezado, estava óbvio que coisa boa não é, alem do mais, mamãe não costuma me elogiar, a não ser quando tiro dez em matemática, que para falar a verdade, foi só uma vez.
De qualquer forma eu estava enfezado, seja lá o que significa isso, andava de um cômodo para o outro buscando algo para fazer, era um daqueles sábados chuvosos no qual não há nada que preste na televisão.
Eu estava realmente entediado, Vovó se entretia com um daqueles livrinhos com palavras cruzadas e eu resolvi observar.
- Vó, o que você esta fazendo?
Embora soubesse exatamente o que ela estava fazendo, perguntei, talvez fosse para receber um pouco de atenção.
- Palavras cruzadas, querido - abaixando o óculos até a ponta do nariz -, quer me ajudar?
Eu não estava muito a fim de fazer palavras cruzadas, mas fiz que sim com a cabeça para não deixar vovó chateada.
- Pai do Iluminismo, você sabe quem é?
Vovó, às vezes, perde completamente a noção. Eu não tinha ideia do que diabos era Iluminismo.
- A lâmpada? - chutei
Vovó riu da minha cara como se eu houvesse falado a coisa mais engraçada do mundo.
- Ei, vó! Estou na 3ª serie!
- Desculpe, meu anjo. Me espere aqui, vou fazer um chá, você quer?
Por que é que velho tem a mania de achar que criança vai querer chá? É a coisa mais intragável do mundo!
- Hoje não, vó, obrigado.
Ela saiu, então, pensei que seria legal se ela chegasse e visse todos os quadradinhos completos. Os óculos dela estavam em cima da poltrona, resolvi pegá-los e come;ar a imitá-la, eu ficava engraçado com aquilo.
De repente, sem que eu esperasse, ele escapuliu da minha mão, se espatifando no chão e quebrando a perna direita. Eu estava ferrado, vovó iria me matar, ela amava aqueles óculos, os têm desde que eu nasci, até onde eu sei. Eu precisava dar um jeito naquilo, precisava de um durex, ou algo que o valha, então fui até a caixa de ferramentas do papai, peguei tudo, me tranquei no banheiro e comecei meu trabalho.
Na caixa de ferramentas do papai tinha de tudo, demorei mas finalmente encontrei algo útil. Lá tinha um treco esquisito chamado "Super Bonder", lembro de ver meu pai, algumas vezes, usando aquilo para consertar as coisas. Apertei aquilo e saiu uma coisinha transparente, meti o dedo e passei com bastante vontade nos óculos. O óculos colou e meus dedos também. Fiquei com os dedos completamente grudados, entrei em desespero, lavei com agua e aquela desgraça não saía de jeito nenhum!
Coloquei os óculos, já consertados, no sofá e vi vovó andando em minha direção e me perguntando se eu havia visto seus óculos, ignorei-a e corri para a cozinha. Meu polegar e indicador irão ficar grudados para sempre - pensei - lavei com álcool, detergente, vinagre, agua sanitária, limão, tudo! nada fazia meus dedos desgrudarem.
No fim das contas eles até desgrudaram, acho que de tanta coisa que usei, mas o importante mesmo era vovó nunca desconfiar que quebrei os óculos dela.

domingo, outubro 04, 2009

A dança da Morte

Ela me disse que é uma mistura de danças.
Desde o frevo ao funk.
Me propôs uma palhinha, achei melhor não aceitar.
Então mostrei a ela minha dança e ela se amarrou.
O papo sobre danças tava até muito legal mas ela começou a se gabar dizendo que jogava xadrez muito bem e ainda disse que eu não era de nada.
Adoro ser desafiada.
Eu ganhei na primeira partida, na segunda ela ganhou.
Paramos de jogar e dançamos mais um pouco antes que ela fosse embora, ela disse que estava atrasada para um compromisso, não quis dar muitos detalhes, só disse que precisava ver um tal de Michael.
peguei o msn dela, devemos marcar um samba essa semana.

quinta-feira, outubro 01, 2009

De que adianta haver tanta beleza?

Acho que algumas músicas falam por nós.
A da vez foi essa..
Talvez você veja isso aqui e nem perceba a minha indireta, que de verdade, eu espero que não aconteça.
De qualquer forma, há de se convir que é uma boa música...

Desce - Arnaldo Antunes

desce do trono, rainha
desce do seu pedestal
de que te vale a riqueza sozinha,
enquanto é carnaval?

desce do sono, princesa
deixa o seu cetro rolar
de que adianta haver tanta beleza
se não se pode tocar?

hoje você vai ser minha
desce do cartão postal
não é o altar que te faz mais divina
deus também desce do céu

desce das suas alturas
desce da nuvem, meu bem
porque não deixa de tanta frescura
e vem para a rua também?


terça-feira, setembro 29, 2009

Rua













Pedras, buracos, quebra-molas
casas, plantas, postes
calçadas, ventos e pessoas.
parece ter muito movimento
desde de cedo já se pode sentir os raios do sol beijando os rostos.
alguns caminham, outros ficam parados.
A maioria está lá apenas por residir.

Alguns estão só de passagem
Uns estão perdidos
outros se encontram
Alguns não sabem o que fazem ali
Aquilo lá não é de ninguém, ou seria de todos?
se fosse minha eu mandava ladrilhar.

Alguns acham feia.
Eu acho bonita.
Pela janela a observo.
cachorros passam, carros passam, pessoas passam.
e ela continua lá.
Observando todos e sendo observada.

quinta-feira, setembro 24, 2009

Há males que vêm para o bem.

Hoje, 24 de Setembro, fui a aula, como é de meu feitio em todas as quintas-feiras.
Pra variar cheguei no segundo tempo,como é de meu feitio em todas as quintas-feiras, acontece que para o meu desprazer, os dois primeiros tempos são de matemática.
Ao chegar na escola me sentia mucho bien, nada me incomodava.
Não sei se por odiar matemática ou por odiar a escola, costumo sentir dores de cabeça freqüentes (eu amo tremas, foda-se) de segunda a sexta.
Mas dessa vez não foi como o habitual...
Abrirei um pequeno parêntese pra contar um pouco sobre minha professora de matemática:
Levemente rechonchuda, Valéria tem, com certeza, mais que 50 anos, faz uns 3 anos que o boato dela ser lésbica pairou sobre o colégio Voltaire e levantou várias outras fofocas sobre a mesma.
Valéria, também conhecida como Cherifa, trata-nos como meros estudantes do jardim de infância.
Sabe-se pouco sobre sua vida pessoal, ela já deu aula pra alguns pais de alunos, professores da escola e até, arrisco dizer, diretores.
De cabelos loiros-esbranquiçados, Valéria não é lá muito simpática, se passa algum exercício raramente esquece de conferir quem fez e quem não fez ( exatamente como a sua professora Jusciléia da 3ª série fazia, lembra?).
Na aula de Valéria não é permitido levantar pra jogar seu papel de bala no lixo. Banheiro e água são, certamente, inaceitáveis! Segunda ela, "O ser humano consegue viver 3 dias sem água" um dia vou esconder aquele garrafão de água dela pra ver quanto dura os 3 dias que ela diz aguentar viver sem água.
Durante a explicação da matéria, você que é aluno, não pode se comunicar com outro nem por linguagem dos sinais (típica dos alunos), porque segundo a mesma a atrapalha !
Dormir? é bom mesmo que você não tenha nenhum problema de coração. Valéria faz questão de te acordar com um grito sutil.
O melhor mesmo na aula de Valéria é ficar em posição de mumificação e não abrir a boca nem para bocejar.
Fim de parêntese.
Como eu estava dizendo.. senti uma dor de cabeça descomunal.
Devo recordar que aula era... sim, matemática, com aquela mesma que você acabou de conhecer...
Lembrei que Stéphanie ontem estava desfilando pela sala com uma cartela de dipirona ( meu velho amigo), mas como fazer pra falar com Stéphanie?

Primeira tentativa - fracassada
levantei os braços, tal como quem acabou de ganhar um campeonato de futebol, sim, bem primata.
Para a minha surpresa todos os alunos da sala me olharam com ar de desprezo, exceto Stephanie que continuou autistando..

Segunda tentativa - novamente fracassada
Chamei Stéphanie por seu nome, alto mesmo, resolvi esquecer em que aula eu me encontrava e tentei aquela famosa linguagem dos sinais.
Não vou abrir um novo parêntese para contar a história de Stéphanie mas, como a maioria das pessoas sabe, Stéphanie não é muito boa em entender essas linguagens de sinal, mas ela geralmente faz que sim e você fica achando que transmitiu a mensagem.
Senti um alívio, pensando que Stéphanie tinha entendido o que eu queria dizer que era: Tem remédio pra dor de cabeça?
Já tinha aberto um sorriso de orelha a orelha quando ela olhou pra mim e falou : Você mudou o shampoo do cabelo?
...
Ok, Stéphanie, não entender o que eu quis dizer é, no mínimo, aceitável já que estávamos a pelo menos 5 metros de distância, mas confundir com isso é o fim!
Na mesma hora a agradável Valéria olha pra nós com cara de cu mal lavado.
Voltei a sofrer com as dores de cabeça..
Eu já estava a ponto de interromper a aula e dizer que estava morrendo, mas resolvi esperar o intervalo entre a correção de um exercício e outro.

Terceira tentativa - quase bem sucedida
Chamei uma pessoa com o ouvido mais aguçado e pedi que esta chama-se Stéphanie.
Quando Stéphanie me olhou resolvi mudar minha frase para: Tem dipirona??
Dessa vez ela entendeu e ficou 2 horas repetindo : Dipirona? Dipirona? pra cabeça? Dipirona? Dipirona?
Eu balançava a cabeça quase que como se estivesse possuída.
Ela pegou o remédio e mostrou na sua mão.
Como eu iria pegar aquele remédio?

Eu já estava cabisbaixa quando ela me cutucou e disse : tá aqui.
eu só ouvi aquele coro no meu ouvido : OOOOOOOOOOH! - típico de desenhos animados.
Na mesma hora a Sra. Cherifa se manifestou: Stéphanie!
Stéphanie só disse: Eu só fui entregar o remédio pra Marina...
Sra. Cherifa: Que você foi entregar o remédio pra Marina eu vi, mas não entendi o motivo de você estar desfilando aqui na frente.
...
Na minha cabeça se passaram todos os palavrões que eu aprendi nesses 15 anos de vida.
Vi a cara de emputecimento de Stéphanie, respirei fundo e segurei o remédio com força pensando agora em como eu iria fazer para tomá-lo.
Se eu pedisse pra pegar água era capaz de Valéria me mostrar a estatística ( que ela leu na Veja) de quanto tempo o ser humano consegue viver com dor de cabeça...
Então resolvi esperar até o intervalo entre a aula de matemática e a de história.
Tomei e voltei.
Quando voltei alguém me disse: E aí estudou?
falei: Eu deveria ter estudado?
a pessoa riu e continuou: cara, vai ter prova de história agora.
Sensacional! crises de dor de cabeça seguidas de uma prova de história!
fiz cara de desperate housewives e a pessoa me acalmou dizendo: Relaxa, você é boa em história, vai se dar bem, além disso a matéria é fácil, é só " A mineração no Brasil colonial" .
eu realmente não tinha ideia do que era aquilo, falei: Cara, não é esse o problema, é que tô com uma dor de cabeça infernal.
A pessoa me perguntou se eu já tinha tomado remédio e depois me deu a ideia de pedir pra fazer segunda chamada.
Seria perfeito, há males que vêm para o bem.
Ligaram para minha mãe, ela veio me buscar a tempo de eu já ter feito 5 provas... enfim, fui na escola hoje pra assistir 50 minutos com Valéria gritando na minha cabeça sobre alguma coisa de funções, nem lembro, estou com dor de cabeça demais pra lembrar.

terça-feira, setembro 22, 2009

um pouco do meu romantismo

Ao passar pela velha ponte, não olhe para o lado, pois poderás encontrar com o vento escuro da noite que te assustará. O melhor será olhar para o céu onde encontrarás respostas nas águas e sentirás segurança em mim.

segunda-feira, setembro 21, 2009

Duas vontades inconvenientes

Vontades de gritar e quebrar as coisas vieram sem bater na porta, muito menos pedir pra entrar.
Se sentiram em casa, comeram coisas que estavam na minha geladeira, usaram minhas roupas e dormiram na minha cama.
Vou pedir com educação,
Será que vocês podem se retirar, por favor?

você rima comigo.

No meu jogo você só vence por w.o
Não me venha com perguntas difíceis,
as mais fáceis me poupam tempo.
Ontem acordei pensando em você e você estava longe como é de costume.
A distância é um prato que se come frio.
Não, eu não estou misturando, me ouça com atenção.
você já sabe o que eu quero te dizer.
Poupe minhas palavras e vá tomar um dipirona pra curar essa sua dor de cabeça.
Eu daria tudo pra entender sua frieza tão repentina.

domingo, setembro 20, 2009

Luddite

[Novembro - 1810]
Ontem eu fui demitido, eu e cerca de 60% das pessoas que trabalham comigo.
Dizem que vão nos substituir por máquinas mais eficientes que nós.
Rachel, minha mulher, disse que vai procurar um emprego nas fábricas, parece que vamos nos mudar para a cidade...

[Julho - 1811]
Entrei para o movimento dos Ludistas, Rachel não gostou muito da ideia, ela disse que isso é coisa pra radicalistas e que prefere me ver trabalhando para ganhar pouco do que destruindo aqueles malditos monstros de ferro. Amanhã vamos invadir aquela fábrica de sapatos do lado do teatro, estou muito entusiasmado.

[Agosto - 1811 ]
Ganhamos um apelido bacana, "os quebradores de máquinas", o Ned disse que estamos indo muito bem e que em breve conseguiremos ser ouvidos... Eu acho que ele está sendo muito otimista, já prenderam, deportaram e enforcaram muitos de nós, eu estou com muito medo.
Ned é muito corajoso, hoje de tarde ele estava me contando que destruiu o traje do seu patrão em Leicestershire, onde ele trabalhava antes de entrar no movimento.
Rachel chama ele de "revoltadinho".

[Outubro - 1811]
"Os que com um só forte golpe
rompem com as máquinas cortadeiras
O grande Enoch dirigirá a nossa vanguarda
Quem se atreverá a detê-lo?
Adiante sempre todos homens valentes
Com acha, lança e fuzil..."

É o trecho de uma de nossas canções, Rachel vive dizendo que virei um vândalo desde que entrei para o movimento, olhe bem pra minha cara, vê se eu tenho cara de quem vai trabalhar 80 horas por semana pra ganhar uma porcaria de salário!?

[Janeiro - 1812]
A nossa luta está cada vez mais perigosa... na quinta- feira Adrian foi enforcado, estou furioso.
Confesso que não aguento mais isso, só vou continuar pelo meu querido amigo Adrian...

[Abril - 1812]
Hoje a noite vamos invadir a manufatura de William Cartwright, aquele metido!
Esse vou invadir com gosto, cara mais metido eu nunca vi! Estou sentindo Rachel meio fria comigo, o que será que está acontecendo?

[Junho - 1812]
Rachel me largou, disse que estou me envolvendo demais com o movimento. Ela não me entende mesmo! Faço isso para defender meus direitos! Esses superiores acham que podem chegar colocando essas porcarias de ferro no lugar de nossas mãos trabalhadoras e vamos aceitar numa boa? me poupe! E ainda acabam com meu casamento, agora, mais do que nunca, tenho um grande motivo pra ir contra a mecanização do trabalho!

[Setembro - 1812]
malditos trade-unions! estão acabando com as nossas revoltas. Cansei, vou sair desta droga, perdi minha mulher, minha dignidade, tô pobre, vou virar mendigo, com sorte ganharei alguns tostões..

[1813]
Sorte minha ter saído ano passado, estou trabalhando honestamente como Rachel sempre quis, ganhando pouco, trabalhando como um corno, mas estou feliz, aquilo não era vida.
Soube que 64 dos meus amigos Ludistas foram acusados de terem atentado contra a manufatura de Cartwright, aquele metido! 13 foram condenados a morte e 2, John e Phillip, a deportação para as colônias. Estou morrendo de raiva, pensando em voltar ao movimento, mas ele está ficando fraco e não quero ter o mesmo fim de meus amigos. Os Cartistas estão conquistando várias direitos políticos e tal, eles foram mais éticos que nós, talvez eu devesse entrar para o movimento dos Cartistas...

terça-feira, setembro 15, 2009

Como é caro ser hippie

Então eu disse pra minha mãe:
- Mãe, vou ser hippie.
ela olhou nos meus olhos e respondeu sabiamente:
- Hippies não tomam banho.
Eu não tinha pensado nisso até então, mas gosto da ideia de vadiar pelas ruas, burlar regras, coisa e tal.
Ontem, eu estava andando pela rua da Conceição e me deparei com uma loja que vendia artesanatos e roupas hippies.
Me enteressei e entrei.
Preços assustadores me gritaram que hippies não podem ser pobres, definitivamente.
Só queria mostrar minha indignação com esse post. Tenho que vender muita pulseirinha do lado das barcas pra conseguir comprar uma daquelas roupas e aí sim começar a não tomar banho...

sábado, setembro 12, 2009

The nights of my life

Ao remexer alguns papéis antigos me recordei de umas épocas.
Épocas essas em que eu era tão inocente quanto pudera ser.
Sexo, drogas e Rock'n roll era alguma coisa que eu ouvia na tv.
Lembrei das minhas nights, aquelas onde eu implorava para meus pais deixarem eu ir na private de fulaninho, ou na matinê que vai ter ali.
Quando digo que implorava, eu juro, eu realmente implorava!
De uma forma mágica e mística, hoje em dia, não suporto festas.
Milagrosamente como eu nunca imaginei que pudesse odiar.
Se esse ano eu fui em uma festa, certamente, foi porque alguma aniversariante implorou muito ou porque em casa tava muito chato.
Não sei se estou me tornando uma adolescente chata e/ou uma amiga insuportável, mas de alguma forma me libertei dessas coisas.
Agora, mais do que nunca, minha nights se resumem em basicamente uma saidinha na pizzaria ou uma caminhada na praia.
Meus amigos chamam isso de envelhecimento precoce, outras pessoas preferem ficar com a hipótese de eu estar me tornando uma moçinha (haha), eu digo que essas, agora, são The nights of my life.

quinta-feira, setembro 03, 2009

Para minha amiga e psicóloga Jane

"Se você vier me perguntar por onde andei
No tempo em que você sonhava.
De olhos abertos, lhe direi:
- Amigo, eu me desesperava."

Foi como se por um período eu estivesse fora de mim..
Na última segunda- feira eu liguei a televisão e a novela que havia começado há uma semana tinha acabado!
No meu orkut várias pessoas perguntavam sobre o meu paradeiro.
Tinham 73 mensagens no meu celular, a maioria delas dizia mais ou menos assim: - Cara, cadê você? tá todo mundo te procurando, o que houve? ficando preocupado, qualquer coisa liga pra esse número..
Como isso foi acontecer?
Na terça eu liguei a tv e uma reportagem no Jornal Nacional me chamou a atenção, dizia: - Procura-se Belchior, o cantor está desaparecido desde 2007...
Foi então que me desesperei.
Comecei a andar pelas ruas, procurando informações atuais, tava óbvio o que eu estava imaginando..
Fui na banca de jornais e comprei um jornal, o meia hora que é baratinho, perguntar em que ano estamos seria muita loucura.
Me assustei ao ver 2009.
É como se eu tivesse hibernado por uns tempos...
Passei pela loja Casas Bahia e vi tantos eletrodomésticos e eletroeletrônicos modernos que me senti tentado em comprar uma tv de plasma, fininha! Como pode? clichês a parte.
Soube que ia ter um show do Tom Zé, esse cara sempre foi ícone para mim, resolvi ir, sem máscara nem nada, mas não vou me expor tanto, sumido por "tanto tempo", acho melhor pensarem que morri.
Peguei um carro e fui direto pra Brasília, lá algumas pessoas olhavam pra mim como se me conhecessem, talvez tenham me reconhecido, mas não estou muito preocupado em me esconder agora, quero conhecer esse "presente-futuro " .
As pessoas têm tentado tanto me ligar que na volta do show dei meu celular pra um mendigo que vagava pela rua.
Cansei desse Brasil chato, conheci uma mulher maravilhosa que me convidou para morar com ela no Uruguai, uma linda morena.
lembrei que esqueci meu carro no estacionamento daquele shopping que você gosta, agora já é tarde, mas se você quiser passar lá pra mim e pagar a multa não vou me importar.

"Eu sou apenas um rapaz
Latino-Americano
Sem dinheiro no banco
Sem parentes importantes
E vindo do interior..."

Aqui no Uruguai é muito bom, tenho muitos amigos, estou pensando em começar um novo trabalho de tradução das minhas músicas para o espanhol, leio diariamente pela internet as pessoas me procurando desesperadamente. O que querem tanto comigo? eu bem aqui, me deixem em paz!
Enfim, Jane, você pode não acreditar nisso tudo, mas escrevendo isso pra você, porque além de você ser minha psicóloga, você é minha amiga. Te peço que não conte nada a ninguém, estou tranquilo aqui, e como vai sua vida? A família tá bem?

Um abraço, Belchior.

quarta-feira, setembro 02, 2009

Histórias de Tião - parte 1

Marise: Hoje não tem comida em casa, tratem de se virar.

Andei pelas ruas cabisbaixo até que lembrei de Claudinho, esperto que só aquele neguinho, daria um jeito de me ajudar.
Fui até a padaria do Portuga Fernando Cardoso, sempre com aquele sorriso de deixar qualquer um contente.
Lá estava Claudinho, comendo seu sanduiche de presunto com refresco de groselha.
Gritei: - Fala seu preto meliante!
- Eta Polaco desgraçado. Tá fazendo o que por aqui uma hora dessas?
- Cara, preciso de um favor seu.
- Pode mandar, faço tudo pelo meu amigo polaco preferido.
- Tudo mesmo cara?
- ah, faço sim, Tião. Por que? O que arranjou dessa vez cara?
- Você sabe que mamãe tá desempregada né?
- Ih Tião, emprego aqui na Rocinha tá difícil pra caramba..
- É eu sei, e só estão empregando pessoas mais moças.. mamãe já deixou de ser moça faz tempo.
- E o que vc quer que eu faça? Se for dinheiro desista, não tenho um conto de réis pra lhe dar!
Mas que filho da mãe! hoje em dia não se pode pedir favores e já acham que queremos dinheiro, que mundo injusto!
- Não quero dinheiro, seu preto! preciso de suas habilidades africanas para pegar uma daquelas galinhas gordas do Tuninho!
- Ai ai ai, Tião !
- Você disse que faria tudo..
- Vou fazer porque você é meu amigo, mas saiba que você vai ficar me devendo essa!
- Valeu Claudinho, você é amigão!
- Simbora!
Fomos andando até chegar no quintal colossal da casa do Tuninho, ainda bem que não tem grade, seria difícil pular sem ganhar algum ou alguns arranhões.
O Claudinho é muito esperto, trouxe um galinho, daqueles pequenos e brabos, de vez enquando ganhava algumas brigas de galo na rua com o bichinho, dava pra lucrar uns bons cascalhos! Eu bem que podia arranjar um daqueles, iria lucrar bastante..
- Agora é só soltar ele e assistir o show, Tião! com uma mão eu solto o galinho, com a outra eu pego a galinha!
- Puxa Claudinho, quanta esperteza, com quem aprendeu isso?
- Foi meu avô, aquele preto velho sabia de tudo que tem nesse mundo e mais um pouco, aí me ensinou algumas coisas..
- Meu avô morreu ano passado, ele tinha uma doença que ficava tremendo as mãos, era engraçado, minha mãe dizia que ele servia bem pra fazer nenem dormir.
- Como assim?
- Ai, mas você é jumento mesmo hein, Claudinho! Servia pra fazer neném dormir porque ficava tremendo as mãos, se tremesse na cabeçinha do bebê logo iria fazê-lo dormir, capiche?
- ah sim! Tião, me diga uma coisa, Pra que você quer essa galinha?
- Pra comer oras!
- ah sim, claro, agora temos que torcer a cabeça dela... feche os olhos, Tião.
Deu pra ouvir o 'crec' do pescoço e o último suspiro da pobre galinha, tinha bastante sangue e a bicha continuava se mexendo, sinistro! Será que se eu cortar minha cabeça eu continuo me mexendo?
- Pronto. Chega de corversa, segura ai meu galinho, vou colocar a galinha nessa bolsa de lona, o galinho você põe na outra. Vamos pôr um bocado de mato por cima para que ninguém perceba o conteúdo. Me ajude!
Que preto esperto, esse ia longe! Começamos a andar, as pessoas viam a bolsa, não notavam, nem se quer imaginavam o que havíamos acabado de fazer, mas afinal, um menino precisa se alimentar! E por toda gente que passávamos o Claudinho gritava:
Puxa, não consegui pegar a erva que queria hoje.. que pena, tentamos amanhã.
Como era esperto e burro esse preto meliante...

domingo, agosto 30, 2009

Tens um aquário na tua casa?

Não?
Então tu és viado.

Na verdade é ai que a história termina.
Mas gosto de começar um livro lendo a última página primeiro.

O portuga viu o seu amigo, que é brasileiro, lendo um livro, ficou curioso e foi até ele.
Portuga: Oi, Tudo bem? O que você tá lendo?
Brasileiro: Fala Portuga, meu camarada! Estou lendo um livro de lógica.
Portuga: O que é Lógica?
Brasileiro: Você não sabe o que é lógica cara?! Vou tentar te explicar... Você tem aquário na tua casa ?
Portuga: Tenho po.
Brasileiro: Se você tem aquário existe água e peixes dentro dele. Não é verdade?
Portuga: Certo.
Brasileiro: Se tem aquário na sua casa. Tem alguém na sua casa que gosta de peixes.
Portuga: Sim. O meu filho.
Brasileiro: Olha. Se você tem filho, você tem mulher e se você tem mulher você não é viado. Entendeu agora o que é lógica?
Portuga: Agora sim.
Muito empolgado o portuga viajou para Portugal e comprou, logo quando chegou, um livro sobre lógica. O seu amigo o viu lendo o livro e perguntou:
Amigo: Que livro estás a ler.
Portuga: Aahh cara, é um livro de Lógica.
Amigo: o que é Lógica?
Portuga: vou tentar te explicar. Tu tens aquário na tua casa?
Amigo: Não.
Portuga: Então tu és viado.


Tens um aquário na tua casa? Não? Trate de providenciar, meu amigo!

A Zé

O cara ao lado está dormindo.
Ele ronca e baba.
Ele baba e ronca.
Agora ele deitou sua cabeça em meu ombro.
Que agradável!
Agora ele dorme, ronca e baba... no meu ombro!
forjei uma tosse, de repente isso o desperta...
Todo mundo do ônibus olhou para mim, afinal estão todos neuróticos com a tal gripe suína..
menos o cara do meu lado!
Ele parece bem confortável no meu ombro.
Mas a viajem está tão tediosa que até nome eu dei a ele, vou chama-lo de Zé.
Tem umas "senhorinhas" rindo da minha situação.
O ônibus deu uma freada brusca e o Zé continua lá.
Um bebê começou a chorar e o Zé continua lá.
Com esse papo todo me deu até um sono.
Acabei dormindo..
Quando acordei o Zé já não estava mais.
E quem tinha sua cabeça encostada no ombro de alguém... era eu!

domingo, agosto 02, 2009

Transformers 2

Quanto você pagaria pra ver um filme ruim?
Com efeitos especiais toscos, péssimo roteiro e muita porrada, Transformers me arrancou 2 reais.
A graça do filme se da na aparição de minirobôs que mais se parecem com 'gremlins' que resolvem mudar de lado no meio do filme e ajudar os mocinhos da história, para outros, a graça do filme é ver Megan fox com pouca roupa. Pra trocar de sala nos primeiros 15 minutos ou dormir nos ultimos até que vale a pena.

Um nome

Escolher o nome para um blog é como escolher o nome de um filho.
Por mais que você peça a opinião de alguém nunca está perfeito.
Ao vasculhar alguns blogs me deparei com nomes muito bacanas e pensei:
- Putz, esse nome seria perfeito para o meu..
Como já tive blogs anteriormente, pensei em colocar um nome parecido, ou talvez meu próprio nome.. mas achei muita falta de criatividade..
Um nome é a identidade da coisa,é a forma de se destacar, o endereço, a essência !
A falta de disponibilidade de nomes também ajuda..
Garanto que eu teria capacidade de fazer algo melhor.. enquanto isso fico feliz em poder dizer que esse estava disponivel...