quarta-feira, agosto 18, 2010

Garota Soneca

Ela só queria encontrar alguém que lhe tirasse o sono.
No bocejo, lhe desse um beijo.
No cochilo, lhe fizesse um filho.
Desse carinho, amasse um pouquinho
Fizesse de tudo para ver aquele olho aberto e tranquilo
Nem que pra isso fosse preciso dormir e sonhar com tudo aquilo...

domingo, agosto 01, 2010

Sonhar é entrar em outra dimensão

Eu assisti a minha morte.
De todas as bad trip aquela overdose era de longe a sensação mais louca que eu já havia sentido.
O dia estava em sépia e eu me dispus a experimentar a mistura de diferentes sensações.
Não por desconhecimento, eu sempre tive boa instrução sobre tudo e todos.
Talvez naquele dia eu estive buscando fugir da realidade.
Sentia o gosto das coisas de longe em cada passo palpitante que dava e podia dizer a psicodelia das cores de cada som que estalava nos meus ouvidos, e, por um momento, cada um deles, os sons, tinham sua forma e tamanho definidos pelo meu cérebro confuso. Uma sinestesia em movimento.
A vontade de gritar era maior que eu, senti que haviam mil pessoas ao meu redor me olhando e então eu me senti um pouco claustrofóbica.
De repente eu descobri que sabia mais que qualquer ser no universo e ao meu redor.
Foi como se por alguns instantes eu fosse Deus.
Eu poderia acabar com a vida de qualquer um, mas não o fazia, não o queria.
Sentia a oscilação entre o quente e o frio em cada milímetro do meu corpo e de repente não senti mais meu corpo, eu já não estava lá, estava em Paris ou em qualquer outro lugar.
Foi quando eu senti a mão gelada da morte no meu ombro dizendo:
- Tá na hora.
- Na hora de quê? - perguntei atônita.
- Como de quê? de dançar oras! - ela disse.
- E cadê a música? - eu disse confusa.
- Feche os olhos e sinta a música com as pontas dos dedos. - ela me confiou.
De fato eu senti a música e da forma mais original que podia. Pena não saber explicar que estilo era. Não sei dizer ao certo quanto tempo dançamos, acho que até cansar,
E num estalar de dedos e piscar de olhos eu estava numa cama de madeira enfeitada de flores. Mas de uma forma estranha eu também estava em pé ao lado de mim me assistindo dormir ou morrer, ao lado de todas as pessoas que conheço, inclusive minha família.
De repente eu deitada abri os olhos, segurei com força o pulso do meu outro eu em pé e disse com convicção:
- Sonhar é entrar em outra dimensão.
Tudo ficou enfumaçado e em seguida preto.
Eu esfreguei os olhos com força e quando os abri estava na minha cama, no meu quarto.