quarta-feira, dezembro 09, 2009

Carrapeta

Carrapeta era um menino triste, pobre, franzino, de cabeça grande e desproporcional ao corpo comprido e raquítico.
Servia de saco de pancadas para os demais colegas de classe e para os membros de sua família.
Carrapeta morava em Farol na cidade de Olinda.
Um dia, sua mãe lhe pediu que comprasse carne seca e farinha no mercado.
Carrapeta, como filho mais velho da família Soares, foi andando obedientemente em direção a venda mais próxima de sua casa.
Ele andava chutando pedras e observando o canto celeste dos passarinhos.
Parou e observou alguns homens jogando Bicho.
- Tá olhando o que, moleque?
- nada.
- É bom mesmo, vai se andando, faz favor.
- E se eu não quiser?
- O que você perdeu aqui?
- Só estou olhando!
- Sabe jogar?
- Sei, sim senhor.
- Essa eu quero ver, ouviu essa, Severino? Se não pagar não joga, hein Moleque!
- Eu tenho muito dinheiro, ó!
- Pois bem.
Carrapeta gastou no jogo do Bicho os cascalhos que sua mãe havia lhe dado para comprar a carne seca e a farinha.
Chegando em casa, ao dizer o que havia feito com o dinheiro, sua mãe o bateu com muita vontade, Carrapeta nunca havia recebido uma surra pior do que aquela...
Depois de tanto apanhar, Carrapeta saiu cambaleando pelas ruas do Farol...
Andou... andou... e caiu batendo com a cabeça numa pedra.
Ali morrera Carrapeta, que na verdade se chamava Luiz Antônio.
No dia seguinte, o dono do Jogo do Bicho saiu gritando pela cidade:
- Carrapeta!!! Carrapeta ganhou!!! Ganhou o jogo, é Carrapeta!!!

Carrapeta é uma daquelas pessoas para quem a sorte chega tarde demais...

Histórias de Tião - parte 2

Tião era ainda pequeno quando se deu o fim da Segunda Guerra Mundial, tinha apenas cinco anos e um mundo inteiro a descobrir.
Estava agarrado nos ombros de seu pai enquanto via bandeirinhas coloridas, pessoas felizes e sorridentes gritando pelas ruas, pouco entendia sobre o que estava acontecendo mas sabia que devia ser coisa boa.
retorno pracinha15 FEB   Vitórias e Derrotas
- Pai, o Vasco ganhou?
O pai só fazia rir, Seu Mário sabia da mente inocente da criança, dificilmente entenderia o que aquilo iria significar.
- 2x0 Vascão, Filhão!
- uhul! Vascooooooooo! Vascoooooooo! - Gritava com uma voz doce, rouca e anasalada de uma gripe que havia pegado fazia uma semana.
Todos o olhavam e riam da sua comemoração inusitada.