Fui num desses lugares que as pessoas costumam chamar de cinema, normalmente eu não iria, já que estava sem companhia e se quer saber, tem duas coisas que eu odeio muito nessa vida: Ir ao cinema sozinho e refrigerante sem gás.
De qualquer forma eu fui ao cinema. E sozinho.
Já estava quase chegando naquele shopping maldito e já tinha me arrependido de ter ido até lá.
Comprei uma coca-cola num camelô ou algo que o valha e andei até a banca de jornais.
O cara da banca de jornais era um velho com umas trinta verrugas na cara e sobrancelhas que mais pareciam uma franja. Eu tava mesmo a fim de comprar uma revista daquelas pornográficas mesmo. Só pra gastar. Mas até desisti, não gosto de velhos com 30 verrugas na cara.
Resolvi ir ver o maldito filme.
O filme nem tinha começa e eu já estava inquieto.
Se tem uma coisa que eu não suporto é ficar esperando o filme começar.
Quando o filme começou eu já estava entediado pra burro.
Era um daqueles típicos filmes de ação onde tem uma mocinha burra pra diabo, um vilão brabo pra cacete e um herói valente como um rato.
Eu nem sei mesmo se um rato é pouco valente, de qualquer forma aquele cara era valente como um rato.
Estava tudo bem até sentar um menino de 6 ou 7 ou 8 ou 9, talvez seus 10 anos do meu lado.
O problema não era ele em si, talvez sua risada particularmente.
O infeliz do menino riu do título aos créditos. Não sei como estou vivo.
Quando o filme enfim acabou resolvi voltar pra casa porque já tava mesmo cansado.
Foi então que eu percebi que estava sem a merda do dinheiro pra pegar a droga do ônibus.
Acabei voltando pra casa a pé, e pra dizer a verdade nem foi tão ruim assim porque enquanto eu ia andando encontrei um cartão de natal no chão. Acho que não vou precisar gastar nenhum tostão com o presente de natal.
[Quem não leu The Catcher in the rye? Fica a dica então! ]